quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dia 48: 1967 - Quarteto Novo (Quarteto Novo)


O Disco de Hoje é Hermeto Pascoal, Airto Moreira, Heraldo do Monte e Theo de Barros em suas primeiras florescências. A maioria das músicas é do grande compositor Geraldo Vandré. Preciso dizer mais alguma coisa?

Só sei que fizeram em 1967 um som que continua tinindo de novo.

Escute ou abaixe o Disco de Hoje.

Dia 47: 1983 - Nas Manhãs do Sul do Mundo (Expresso Rural)


Ontem após uma deliciosa conversa sobre Santa Catarina, veio à mente o saudoso disco do Expreso Rural (Nas manhãs do sul do mundo), que foi o primeiro disco da banda.

Banda de Florianópolis, que surgiu fazendo um rock rural, certamente com influência dos mineiros e do movimento rock rural de O Terço  e do movimento proporcionado por Sá e Guarabira já na década de 70.

Esse disco apresenta um rock fácil de escutar, mas com muita melodia no trio de vocais.
Uma história curiosa é que mesmo em 83, a censura ainda pegava forte, e no disco de vinil, ele foi obrigado a ser vendido lacrado, por conta da música "flodoardo", que fala de um sapinho maconheiro. Como o disco havia sido gravado de forma analógica em 16 canais, algumas partes da música foram alteradas eletronicamente.

O disco tem uma história bem bonita, com a inclusão de uma música instrumental intitulada "Revoada" que para mim é muito marcante. O disco começa agitado e vai se acalmando para culminar na faixa título do disco, que virou um grande sucesso dos anos oitenta, principalmente pra moçada de Santa Catarina.

Se você ainda não conhece Expresso Rural, tenha o prazer de descobrir algo "novo", pois foi até relançado em 2007 com edição remasterizada desse disco de 1983.


Adquira ele aqui!

Abaixo tem um pequeno clip da música cesnurada (que está inclusa em versão original no link disponível)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Dia 46: 1966 - Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66 (Sérgio Mendes)


O Disco de Hoje é bossa nova do jeitinho que gringo gosta. Sérgio Mendes tentava emplacar a mistura de bossa nova e pop americano com uma banda só de brasileiros, o que não estava dando certo. Montou a banda Brasil '66 com duas cantoras e baixista americanos, com brasileiros apenas na percursão e bateria (óbvio), que explodiu imediatamente. Este é o primeiro album desta banda. Os arranjos muito bem feitos, com versões diferentes de clássicos da bossa nova, letras em inglês ou em português com sotaque gringo, fórmula infalível.

Começa com uma empolgante versão de "Mas que nada", realmente divertida no sotaque, principalmente para quem está acostumado com esta música no sotaque forçadíssimo do Jorge Ben nos anos iniciais da sua carreira. Do Jobim, "Samba de uma nota só" se transforma em "One Note Samba", misturada com "Spanish Flea" de Herb Alpert e ainda temos uma excelente "Água de Beber", linda demais. Do Vinicius e Baden, "Berimbau". Ainda temos "Day Tripper" dos Beatles, "Going out of my head" e  "The Joker" que são jóias raras.

Dá uma espiadinha aí no tubius, ou tenha em sua biblioteca mais um Disco de Hoje.

Dia 45: 2012 - 2 (Marginals)


A banda Marginals apresenta uma proposta de gravar as músicas do jeito como a coisa vai saindo. O clima de improviso e de naturalidade nas improvisações faz com que o disco "2" seja uma excelente escolha para o disco de hoje.

É um disco que frita um pouco o cérebro. Muita informação, mas com bastante critério, onde as distorções nos instrumentos (baixo e sopros), com samplers permeiam esse power trio jazz (baixo, bateria e sopros), encaixando a musicalidade em um disco onde suas músicas não parecem ter começo nem fim, mas apenas a continuidade.

Os "Marginals" mantêm viva a chama da música livre, inclusive na forma de divulgarem e distribuirem seus materiais. Dê uma conferida nos demais trabalhos autorais da banda! http://blogdomarginals.blogspot.com.br/

Se quer curtir o disco com qualidade, Baixe Aqui!


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dia 44: 2011 - Nó na orelha (Criolo)


O Disco de Hoje foi premiado de montão, recebendo da Rolling Stone o melhor disco de 2011 e a melhor música deste ano. Demorei um pouco para escutar com cuidado, com leveza, com vontade de gostar. Talvez porque eu não seja lá muito fã do gênero musical que está enquadrado (rap?). Mas "Nó na Orelha" um pouco de tudo, rap, brega, afrobeat e outros estilos para os classificadores de plantão. De rap mesmo, propriamente dito, temos apenas "Grajauex", "Sucrilhos" e "Lion Man".

"Não existe amor em SP", a música premiada (single) é lindona, música e letra, um soul do fundo da alma, violinos, arranjos bem cuidados. "Bogotá" lembra em ritmos e  sopros o Fela Kuti, que depois é reverenciado na letra de "Mariô", um afrobeat cheio de percursão e empolgante em parceria com o fenomenal Kiko Dinnuci, que já passou por aqui. Temos ainda "Samba Sambei", no estilo mais reggae/dub. Prá fechar, "Linha de Frente", um sambinha prá lá de bom.

Deguste aí ou adquira imediatamente O Disco de Hoje.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Dia 43: 2006 - Chico Correa & Eletronic band (Chico Correa)


O Disco de Hoje, segundo os entendidos, mistura rock, funk, bossa nova, baião, samba de coco, jaz, trip hop e dub, formando ritmos como o agrestewerk cangaço-gangsta e drum'n'roots, seja lá o que isso for... Só sei que foi um disco trabalhado por anos, com muito eletrônico, sopros, zabumba e um vocal feminino delicioso de uma tal de Kátia. Um som muito bom, que veio da Paraíba, deste garoto que se chamou de Chico Correa em homenagem ao grande Chick Corea, mestre e pioneiro das fusões.

Chama a minha atenção a música "Bossinha", "Terra", sax, tranquilidade, eletrônico, baixo e bateria bem marcados. A música que não quer sair do repeat é a excelente "Lele". "Baião Lo Fi" é exatamente o que o nome da música diz.

Enfim, impossível descrever em palavras estes sons. Segundo os próprios, "Chico Correa & Eletronic Band é a música nômade nordestina desta década, a viver de porta em porta com a mochila na mão."

Arnaldo, espero que este você não conheça...

Veja o lindo videoclipe de Lelê ou adquira imediatamente O Disco de Hoje.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Dia 42: 1975 (2011) - Dizzy Gillespie no Brasil (Dizzy Gillespie e Trio Mocotó)


O Disco de Hoje foi gravado em apenas 3 dias e ficou engavetado por quase 40 anos. Gravado em 1975, na vinda do gigante trompetista Dizzy Gillespie ao Brasil. Os músicos do Trio Mocotó foram convidados para a grande empreitada de acompanhá-lo. Para os que não conhece, o Trio Mocotó tem uma história de 50 anos de boa música, acompanharam e foram os principais responsáveis pelo lançamento e sucesso de  ninguém menos que Jorge Ben.

Bom, esta jóia ficou empoeirando por décadas, escutei pela primeira vez há pouco mais de um ano. Pauleira do começo ao fim. Vale lembrar que foi gravado em pouquíssimo tempo, sendo a gravação de algumas jam sessions, com muito improviso, mas jeito de disco muito trabalhado e ensaiado, exceto pela empolgação dos gritos dos músicos ao fim das músicas, percebendo que faziam uma jóia irrepetível.

A segunda faixa do álbum, "The Truth", tem um gingado tranquilo, com a guitarra e baixo dominando a melodia, muita percursão e o som inconfundível do trompete do Dizzy. "Dizzy's Shout" se aproxima da bossa nova no começo, mas sofre uma reviravolta nos seus últimos 3 minutos, virando um sambão porrada, quase rock. O disco é fechado com chave de ouro com "Rocking with Mocotó", com jeitão de escola de samba, cuica gritando, bumbão, o suingue dos brasileiros com o virtuosismo dos gringos.

Dá uma degustada aí no youtube ou adquira já o Disco de Hoje!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Dia 41: 2009 - Vagarosa (Céu)


Quando conheci a Céu, no seu primeiro album, de 2005, me apaixonei. Foi muito bom ver uma menina nova fazendo música boa e diferente. Demorou 4 longos anos para ela lançar O Disco de Hoje, o excelente "Vagarosa". Fazia tempo que eu pensava em promovê-la ao Disco de Hoje, sempre postergando por ouvir outras coisas. Desta vez não teve jeito, ouvimos este álbum em Macacos, fazendo pizzas, com crianças brincando na mata, papeando com um amigo das antigas, que definiu o álbum como uma obra-prima da MPB.

O vozeirão da Céu contrasta com sua aparência de menina. "Vagarosa" foi aclamado pela crítica internacional e ganhou um Grammy (se é que isto tem alguma importância). Tem 12 músicas dela, com parcerias com Fernando Catatau, Siba, Beto Villares, a filha do Itamar Assumpção, Anelis e Thalma de Freitas. As gravações ainda contam com participação de Luiz Melodia e Los Sebozos Postizos. 

Após um rápido prelúdio ("Sobre o amor e seu trabalho silencioso"), vem arrebentando com "Fiz minha casa no seu cangote" na segunda faixa ("Cangote"). Uma das minhas preferidas é "Bubuia" tem uma riqueza de sons, instrumentos e vozeirões femininos misturados. "Nascente" também é excelente, com o trompetista Guizado (excelente) gritando forte sobre o instrumental do Siba num funk jazz (se é que dar prá definir). "Vira Lata" tem o estilo inconfundível do grande Luiz Melodia, sambinha gostoso.

Ainda tem "Rosa Menina Rosa" do Jorge Ben, quase irreconhecível, numa versão prá lá de psicodélica. "Sonâmbulo" é definido (por aqueles que gostam de definir) como um afrobeat orgânico com estilo jamaicano (?!), com um refrão que não sai da cabeça: "é bom desconfiar dos bons elementos".

Vale muito a pena ter, baixar, ouvir e re-ouvir, de preferência com fones de ouvido, para atentar para os ricos detalhes. Adquira o Disco de Hoje ou ouça no tubius.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dia 40: 1993 - Nome (Arnaldo Antunes)

O Disco de Hoje é o primeiro do Arnaldo Antunes depois da sua saída dos Titãs, um dos mais estranhos e o meu preferido. Neste album, a receita já comentada aqui de uma música perturbadora seguida por uma relaxante é bem evidente. Este contraste entre as faixas faz com que as músicas calminhas, relaxantes (muitas delas com participação da Marisa Monte) fiquem ainda melhores. Para aqueles que quiserem misturar esta poesia e música com imagens, ainda tem o DVD Nome, lançado no mesmo ano, que coloca imagens

Neste disco, a poesia concreta musicada está presente, com temas simples utilizados de forma brilhante. Arnaldo Antunes é um gênio em suas letras e trocadilhos. Já na primeira faixa ("Fênis"), o ouvinte percebe que o Arnaldo não vai deixá-lo tranquilo, com uma respiração difícil, truncada, aliviada no último suspiro. "Nome" deixa claro que os nomes se dão, os nomes das coisas não são as coisas. "Tato" é uma aula de sexo ("velocidade se controla com respiração").

"Cultura" é super divertida, com umas tiradas ótimas do tipo "bactéria no meio é cultura", "o cavalo é pasto do carrapato", "engordar é a tarefa do porco" e "a cegonha é a girafa do ganso". "Carnaval" foi regravada em outros trabalhos do Arnaldo e utilizada em trilhas sonoras de filmes. "Entre", com a participação de Péricles Cavalcanti, é uma salada, cada verso como uma música diferente.

Ainda temos "Alta Noite", com Marisa Monte, piano de João Donato, numa versão maravilhosa, com a voz grave e desafinada ao seu modo do Arnaldo sempre incomodando no fundo da voz da Marisa Monte. Prá terminar o excelente album, tem "Agora", que fica por intermináveis 1 minuto e 20 segundos repetindo "já passou" de forma irritante, mas não passa nunca. Faz com que seja tão bom ouvir quanto terminar de ouvir.

Não deixe de abaixar O Disco de Hoje.
Aí em baixo uma amostrinha do DVD. 



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dia 39: 2003 - Composição (DonaZica)


Dona Zica é o som de hoje, com o disco independente "Composição" traz um som pra frente, que mistura samba com um monte de coisa e mantém ligações às raízes percussivas.


Hora chega a lembrar um Abujamra com suas verborragias cantaroladas e com tom crítico/satírico nas letras (O fio da comunicação, Protesto pessoal, 11.09, etc.)

A percussão forte e bem timbrada fazem a utilização de instrumentos como o xinelofone na faixa O Fio da comunicação (instrumento inventado pelo grupo Uakti - onde batucam canos de pvc com chinelos de borracha) de forma genial. Usam samplers e moduladores de frequencia para dar uma pitada a um som pra frente e dançante, junto com vozes bem trabalhados e sem deixar sobresair as melodias de flautas e saxofones.

Altos discos, Aproveite! dôLôDi Aqui.

O disco pode ser escutado aqui: musurl.com/VQmoY


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Dia 38: 2014 - Nação Zumbi (Nação Zumbi)


Depois de já ter passeado por aqui, o disco Nação Zumbi volta com novas canções. Foi lançado há pouco tempo, como se fosse um comemorativo de duas décadas do "Da Lama ao Caos" e depois de 12 anos de um disco com mesmo nome (?) Faltou ideia para esse de 2014, ou foi de propósito? Pra mim ele poderia se chamar PulsArte (fica meus 2 cents pra nação =D )

De qualquer forma, o disco mantém boas melodias na voz de Jorge Du Peixe, que antes parecia ser mais monotônico e com suingados menos agressivos quando comparados com os discos passados ("Futura" e "Fome de tudo").

Vem com participação de Marisa Monte na deliciosa faixa "A melhor hora da Praia", onde retribuem a parceria que o trio Pupillo (bateria), Lúcio Maia (guitarra) e Dengue (baixo) fizeram ao gravar e acompanhar a Marisa em seu disco (O Que Você Quer Saber de Verdade).

Disco gostoso de escutar!

Baixa aí

Escute na íntegra aqui: http://www.deezer.com/album/7752515

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Dia 37: 2006 - Calendário do Som (Itiberê Orquestra e Família)

O disco de hoje é sobre a metalinguagem musical, onde o baixista do grupo Hermeto Pascoal, Itiberê Zwarg, fez a gravação das músicas do livro escrito pelo mestre (Calendário do Som - que apresenta uma composição por dia, durante um ano). Viva o calendário do som!

O disco foi gravado com o seu grupo chamado "Itiberê Orquestra e Família" onde fazem gravações desde 2001, a exemplo do também genial disco Pedra do Espia.

O Calendário do som foi gravado em dois discos, (disco 1 e 2), escute e tire você mesmo suas conclusões.
Pra quem não é muito ligado à música instrumental, talvez seja necessário escutar mais de uma vez, para tentar sentir um pouco o som. Como o próprio Hermeto disse uma vez em um de seus shows:
"Escutem essa que eu vou fazer agora!"
"Mas não é escutar com os ouvidos, é escutar com a Alma!"
Atualmente o grupo chama-se Itiberê Zwarg e Grupo, mas mantém a mesma linha de musica brasileira instrumental e super bem arranjada, fazendo o que denominam a "prática da música universal" já bem apregoado pelo mestre e pode ser sumarizado pela sua companheira Aline Morena.


Aproveite o disco! ou faz um DôLôdi 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Dia 36: 2005 - Balancê (Sarah Tavares)



O Disco de Hoje abre uma exceção, sendo o primeiro disco não brasileiro do nosso internacionalmente conhecido blog. Mas a brasilidade musical da portuguesa descendente de caboverdianos é quase palpável. Além disto, nós conhecemos muito pouco (ou quase nada) da música dos nosso colonizadores, então fica esta dica. Conversando com um português há alguns anos, cheguei à conclusão que Portugal é hoje colônia cultural do Brasil. Eles assistem nossas excelentes (?!) novelas, escutam nossas músicas, lêem nossos livros, compreendem o português brasileiro com fluência (nós temos dificuldade de compreender o português lusitano falado). Da cultura portuguesa atual, nós só conhecemos Saramago.

É um disco tranquilo e muito alto astral. Muita influência africana, em suas percussões e nos dialetos que aparecem em várias ocasiões. Começa com a contagiante "Balancê", que dá nome ao Disco de Hoje. "One Love" é uma das minhas preferidas, uma declaração de amor em diversos idiomas. "Amar é" é profunda, arrepiante, violão, voz e percursão. Temos ainda algo de sambinha em "Planeta Sukri", com direito à cuíca.

Mais informações sobre esta negra linda no seu website.

Abaixe o Disco de Hoje e coloque uma boa dose de positive vibrations nos seus dias chuvosos (ou não).