O Disco de Hoje é o primeiro do Arnaldo Antunes depois da sua saída dos Titãs, um dos mais estranhos e o meu preferido. Neste album, a receita já comentada aqui de uma música perturbadora seguida por uma relaxante é bem evidente. Este contraste entre as faixas faz com que as músicas calminhas, relaxantes (muitas delas com participação da Marisa Monte) fiquem ainda melhores. Para aqueles que quiserem misturar esta poesia e música com imagens, ainda tem o DVD Nome, lançado no mesmo ano, que coloca imagens
Neste disco, a poesia concreta musicada está presente, com temas simples utilizados de forma brilhante. Arnaldo Antunes é um gênio em suas letras e trocadilhos. Já na primeira faixa ("Fênis"), o ouvinte percebe que o Arnaldo não vai deixá-lo tranquilo, com uma respiração difícil, truncada, aliviada no último suspiro. "Nome" deixa claro que os nomes se dão, os nomes das coisas não são as coisas. "Tato" é uma aula de sexo ("velocidade se controla com respiração").
"Cultura" é super divertida, com umas tiradas ótimas do tipo "bactéria no meio é cultura", "o cavalo é pasto do carrapato", "engordar é a tarefa do porco" e "a cegonha é a girafa do ganso". "Carnaval" foi regravada em outros trabalhos do Arnaldo e utilizada em trilhas sonoras de filmes. "Entre", com a participação de Péricles Cavalcanti, é uma salada, cada verso como uma música diferente.
Ainda temos "Alta Noite", com Marisa Monte, piano de João Donato, numa versão maravilhosa, com a voz grave e desafinada ao seu modo do Arnaldo sempre incomodando no fundo da voz da Marisa Monte. Prá terminar o excelente album, tem "Agora", que fica por intermináveis 1 minuto e 20 segundos repetindo "já passou" de forma irritante, mas não passa nunca. Faz com que seja tão bom ouvir quanto terminar de ouvir.
Aí em baixo uma amostrinha do DVD.