O Disco de Hoje é impróprio para menores de 16 anos.
Ouvindo a maravilhosa Céu com o lendário Herbie Hancock tocando "Tempo de Amor" me lembrei que fazia tempo que não ouvia o grande poeta Vinicius de Moraes. O Disco de Hoje contém algumas clássicas do "poetinha" e é uma compilação de algumas gravações.
Revendo e repensando, vejo que o Vinicius que foi um dos grandes responsáveis pela minha (de)formação amorosa/afetiva. Aos 13 anos de idade, devorei com avidez quase toda a obra dele e levei a sério o "a gente pega, a gente entrega, a gente quer morrer/ ninguém tem nada de bom sem sofrer", de "Formosa", última faixa deste disco. Certamente, é conteúdo completamente inapropriado para um pré-adolescente.
O Disco de Hoje começa com a clássica "Berimbau", exaustivamente re-gravada por um montão de gente. Mas não é aí que eu quero chegar... Quero chamar atenção para o "Soneto da mulher ideal", incrustado em "Samba da Benção", uma das coisas mais canalhas e machistas que já ouvi, mas, mesmo assim, lindo: uma mulher "tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade (...) uma beleza, que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e para ser só perdão".
Neste álbum ainda temos a dilacerante "Samba em Prelúdio", num diálogo do Vinicius com a Odete Lara, se misturando, se completando, se confundindo, se fundindo, numa dor ascendente, aliviada com a conclusão definitiva: "sem você meu amor eu não sou ninguém". Saudades... Dizem que é uma palavra/sentimento exclusivamente brasileiro, sem tradução, mas explicado perfeitamente neste poema.
Veja o Herbie Hancock e Céu aí no tubius ou abaixe já O Disco de Hoje.
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