sexta-feira, 25 de abril de 2014

Dia 5: 1996 - Afrociberdelia (Chico Science e Nação Zumbi)

O Disco de Hoje é foda. Recém re-lançado em vinil 180 gramas, emoção diferente. Sopros, tambores de maracatu, berimbaus, guitarras distorcidas e baixo poderoso do começo ao fim, tudo isso junto com a voz única e poesias enxarcadas de lama de mangue do Chico Science. 

Este disco deve ser ouvido para aumentar a sua velocidade média em uma corrida ou pedalada, para alguma festa bem dançante ou para levantar o seu ânimo na manhã de segunda-feira, de preferência bem alto.

Do Chico Science eu só posso dizer que morreu cedo demais e só teve tempo de lançar dois discos: "Da lama ao caos" (1994) e Afrociberdelia (1996). Em compensação, deixou algum material gravado, o que possibilitou o lançamento de um disco póstumo (CSNZ) e um legado mais importante, que foi o estilo e movimento manguebeat e a inserção de Recife no cenário musical brasileiro, o que vem rendendo frutos até hoje. Otto, Nação Zumbi (que segue fazendo ótima música, mesmo sem o Chico) e Mundo Livre S/A são alguns dos frutos deste movimento.

Na minha humilde opinião, depois da grande produtividade do (pop)rock nacional dos anos 80 (muitas bandas, nada de muito novo), o Nação Zumbi veio no início dos anos 90 injetar sangue novo no rock nacional, criando um estilo musical sem precedentes. E olha que é difícil criar algo novo, depois de tudo que foi lançado na música mundial.

Taí um disco que eu não vou conseguir descrever, só ouvindo mesmo. Chamo atenção para "Maracatu Atômico", regravação da música de Jorge Mautner de 1974 e "Quilombo Groove", instrumental de arrepiar.

"Deixar que os fatos sejam fatos naturalmente, sem que sejam forjados para acontecer" é a frase de transição para o início de "Sobremesa", que tem marcação forte de tambores e o baixão dominando. "Baião Ambiental" é ótimo para dançar um forró a dois. E "Sangue de Bairro" é tão pesado que dá medo: "quando degolaram minha cabeça passei mais de 2 minutos vendo meu corpo tremendo, e não sabia o que fazer, morrer, viver." "Criança de Domingo" alivia depois desta pressão.


Se não conhece, prepare-se para o novo. Se já conhece, re-ouve.


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