quinta-feira, 29 de maio de 2014

Dia 25: 1972 - Quando o Carnaval Chegar (Chico Buarque)


Voltando à santíssima trindade, o Disco de Hoje é do grande filho Chico Buarque. Falar o que deste cara: poeta, cantor, compositor, músico, escritor, diretor de cinema e teatro, grande e lindo homem. Escolhi o disco que é trilha sonora do filme musical de Cacá Diegues: "Quando o Carnaval Chegar", um dos meus preferidos da sua vasta discografia (mais de 40 albuns de estúdio).

Começa com a excelente "Mambembe" em linda versão instrumental, prá cima, dançante. "Baioque", cantada pela Betânia é uma mistura de xote, baião e rock'n'roll, com sua poesia contraditória. "Caçada" descreve uma luta ferrenha, provavelmente na cama. "Quando o carnaval chegar" reflete a mentalidade brasileira, que sofre o ano inteiro, mas se esbalda nos 4 dias do carnaval, uma belezura de música. "Partido Alto", com MPB4 é um sambão clássico e malandro: "Deus me deu mãos de veludo pra fazer carícia,Deus me deu muitas saudades e muita preguiça,Deus me deu pernas compridas e muita malícia, Pra correr atrás de bola e fugir da polícia." E ainda tem "Bom Conselho" e a marchinha irônica "Formosa".

Aí vai o musical completo no tubius. Para abaixar o MP3, podes usar este link.


domingo, 25 de maio de 2014

Dia 24: 2013 - Vazio Tropical (Wado)


Hoje, envergonhado, conheci o Wado através de uma foto de um amigo em comum no feicibuqui. Me senti obrigado a ouvi-lo e, por facilidade baixei site do cara o mais novo. E surgiu como disco de hoje o "Vazio Tropical".

Com os ouvidos (e corpo) ainda se acostumando, me chocou a primeira frase do disco em "Cidade Grande": que sotaque estranho é este? Será que eu vou aguentar 40 minutos disso?

Mas é belo, sensibilizante, limpo, diverso, bom. Como é bom descobrir música boa! Mesmo sendo um retardatário. Ouvi, deitei na cama, ouvindo de novo, decidi sofrer as penuras de escrever neste blog via Android (fora de casa sem computador).

"Carne" incomoda, "Flores do Bem" corta fundo, machuca, pode servir bem direitinho. Poesia linda, sambinha de leve, triste, sopros. Ainda bem que "um quarto sem porta" vem na colada, levando embora a angústia que porventura possa ter ficado da música anterior, alto astral, risadas ao fundo, sambão, trombone. "Tão feliz" é de se apaixonar,  re-apaixonar ou pensar numa paixão passada ou futura.

Percebe-se um que lusitano no álbum que verifiquei depois na ficha técnica ser real, algumas músicas gravadas em Portugal. Se você notar algo de Marcelo Camelo, vai ver que tem muito, como deve ser, pois foi o produtor do álbum e tocou um montão de instrumentos.

Abaixe oficialmente ou dá uma testadinha no tubius.

sábado, 24 de maio de 2014

Dia 23: 1985 Instrumental (Almir Sater)


O disco de hoje é um sertanejo pode crê!
O primeiro disco instrumental do Sater, onde incorpora Sítaras e berimbau, para dar um toque especial no tempero musical.
O disco parece uma viagem por estradas de terra batida, com a brisa no rosto.
Com a dualidade entre Mato Grosso do Sul e Minas Gerais o disco começa com Corumbá, uma cidade de divisa com o Paraguai, banhada pelo riozão Paraguai e na segunda faixa segue para Minas Gerais. No final do disco, ele volta pra cima (De Minas pra Riba). Foi viagem minha ou ele viajou mesmo?

Coisa linda demais os bordejos da viola sertaneja, tocada com alma pelo Almir Sater.
A viola sertaneja tem diversas afinações e, para os entendidos da viola, tornam o tocar e o som obtidos completamente diferentes. Segundo algumas consultas a maioria da afinação que ele usa é a "Rio abaixo" tem até música dele com essa referência no programa Viola minha Viola

A faixa 4 do disco (Luzeiro) - uma homenagem ao rei sol, dá até pra escutar um boi correndo junto. Uma viagem musical daquelas, com o berimbau quebrando tudo junto com ele.

Em 1990 ele lançou o Instrumental dois, que é também muito bom, mas o disco de hoje foi o "Um"!

Aproveitem o disco, que é um clássico na discoteca de qualquer pessoa que curte música.

Ou baixe aqui

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dia 22: 1969 - Caetano Veloso (Caetano Veloso)


Com mais de um mês de Disco de Hoje, e ainda não postamos nenhum da santíssima trindade da Música Popular Brasileira: Caetano, Gil e Chico Buarque. Não tenho referência alguma para a afirmação de que esta é a tríade (apenas uma impressão pessoal), e não saberia dizer quem é o pai (Chico?, apesar de ser o mais novo), o filho (Caetano?) e o espírito santo (Gil?). O difícil é escolher qual disco postar de cada um, mas como não temos a preocupação de escolher o melhor disco, coloco um que escutei ontem e gostei muito.

Este é o álbum branco do Caetano, seu segundo, uma das muitas homenagens aos Beatles, assim como "Qualquer Coisa" é o Let it Be. Apesar das chatíssimas (na minha humilde opinião) "Marinheiro Só" e "Atrás do Trio Elétrico", o álbum é excelente. É todo marcado por solos de guitarra, barulhinhos e psicodelia.

"Irene" abre o álbum com um divertido erro de gravação do Gil, que se esquece de cantar. O que é "The Empty Boat"? Angustiante, arrepiante, mostrando bem a fase em que o disco foi feito: prisão, pré-exílio, medo. Será preciso sofrimento para produzir música boa? "Lost in Paradise" é genial nas suas transições, acalmando e infernizando o ouvinte a todo tempo. "Os Argonautas" é um fado, uma referência ao lusitano que Caetano tanto gosta. Ainda tem "Carolina" do Chico, a tristíssima "Chuvas de Verão" e a poesia concreta de "Acrilírico". Para fechar com a chave de ouro da psicodelia, "Alfomega" do Gil, uma sonzera dançante muito louca.

Deguste no tubius, ou aumente alguns megabytes de qualidade no seu HD.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Dia 21: 1971 - Shebaba (Bola Sete)


O Disco de Hoje é espetacular. O negão violonista Bola Sete viveu sua vida praticamente anônimo no Brasil, mas muito valorizado no exterior. De família pobre, estudava violão muitas horas por dia. Nunca vi ninguém tocar violão com a facilidade e virtuosismo dele, dá gosto ver ele tocar. A primeira vez que eu ouvi falar no Bola Sete foi em um documentário do Santana, que apontava como suas principais influências: Wes Montgomery (EUA), Bola Sete (Brasil) e Gabor Szabo (Húngaro).

"Shebaba" se trata de uma releitura de várias músicas "folclóricas" do Brasil. Me parece que o Bola Sete não compôs muitas músicas, mas os arranjos e adaptações que ele fazia têm o peso de uma composição. Para se classificar em um estilo, vejo como jazz-funk. Começa com a música que dá nome ao álbum, "Shebaba" em que que aparecem vozes, usadas como instrumental e o violão frenético do Bola. "Bola Beat" parece um baião. O cara fex mix de duas músicas do "Abbey Road" dos Beatles em "Polythene Pam/She came in Through The Bathroom Window" que é genial. Tem ainda uma maravilhosa versão de "Roda", um pouco funkeada, do Gilberto Gil. "Baccara" é um samba-rock delicioso, com transições inteligentes e mudanças drásticas. 

Aí vai um gostinho do disco no tubius, ou "adquira" o disco aqui.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Dia 20: 1977 Slaves Mass (Hermeto Pascoal)

O disco de hoje é meio bombástico!
Até porque nem todo mundo gosta (ou consegue escutar) o velho barbudo.
Hermeto Pascoal é um gênio musical e sua genialidade pode ser atribuída à forma de como faz a música (como ele gosta de falar, faz música universal).

O Slava Mass de 1977, onde o jazz brasil se mistura às influências do jazz gringo. Os baixistas Ron Carter e Alphonso Johnson participam dessa geléia musical.
Obviamente o tom Brasil se faz com os demais músicos brasileiros, como Airto Moreira (que já apareceu por aqui também no "o disco de hoje"), Flora Purim nos vocais, Raul de Souza no trombone e David Amaro na guitarra.

A terceira faixa do disco é talvez a mais popular "Chorinho Pra Ele" onde o choro se mistura com a música universal do Hermeto dando velocidade à coisa toda. Uma das curiosidades desse disco é a segunda faixa, onde Hermeto faz som com dois porquinhos (de verdade), pois ele faz som com os porquinhos de borracha também.

Permita-se a escutar e reescutar o disco e apreciar essa belezura.
Curte aí no tubiu!

Ou abaixe o disco.

domingo, 18 de maio de 2014

Dia 19: 1976 - Geraes (Milton Nascimento)


Eu não estava querendo repetir artistas neste início do Disco de Hoje. Acontece que minha parceira colocou este disco do Milton Nascimento para tocar ontem, e daí não tive escolha, não havia como Geraes não ser o Disco de Hoje. Rasga do começo ao fim.

É curioso porque é um dos poucos álbuns do Miltão que não tem a maioria das músicas de sua composição. Temos composições de Nelson Ângelo, Tavinho Moura, Violeta Parra, Chico Buarque, Nelson Arraya, Ronaldo Bastos, Fernando Brant.

"Fazenda" é o retrato do interior de Minas Gerais (lembro da fazenda em Santa Isabel), com "água de beber, bica no quintal, sede de viver tudo, (...) e a meninada respirava vento até vir a noite e os velhos falavam coisas desta vida, (...) tios na varanda, jipe na estrada e o coração lá". "Volver a Los 17", na voz de Mercedes Sosa arrepia sempre, por sua letra e o arranjo vocal com o Miltão. "Menino" é psicodelia pura, aumentando gradualmente sua força, sua poesia, seu tom e seu ritmo, até se tornar insuportável e o Miltão fazer o que o ouvinte quer fazer, que é gritar e gritar e gritar.

"O Que Será (À Flor da Pele)", do e com Chico Buarque, tem neste álbum sua versão mais bonita e profunda. E voltamos ao interior de Minas com "Carro de Boi". "Caldera" é instrumental (até a voz é instrumental), muito indígena, com um toque flamenco, linda e empolgante, com seus solos de flauta andina. Ainda tem "Promessas de Sol", desta vez com sua letra cortante, "você me quer forte, e eu não sou forte mais (...)". "Lua Girou" é linda demais, "eu bem queria fazer um travesseiro dos seus braços", violão, percursão e as múltiplas vozes do Milton. Ainda tem a super alegre "Circo Marimbondo" que faz um contraste com a tristeza de "Minas Gerais".

E ouvindo, me lembrei de um papo com ilustres músicos e artistas de Belo Horizonte, que adoravam com todas as forças Dorival Caymmi (nada contra) e afirmavam que já não aguentavam o Milton por causa da repetição dos seus temas: carro de boi, estradas empoeiradas, fazenda, mineiridade. Só hoje percebo quanta bobagem, não tem como esgotar a mineiridade.

É um disco de ouvir do começo ao fim. Ouve aí no tubiu ou abaixe completo.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Dia 18: 1974 - Baiano e os Novos Caetanos (Baiano e os Novos Caetanos)


O Disco de Hoje junta forró, samba, rock, humor e lisergia. Escutei há alguns dias em vinil e percebi que tinha que dedicar um Disco de Hoje ao álbum. Concebido pela dupla Chico Anysio e Arnauld Rodrigues acompanhados por músicos de altíssima qualidade, apesar de não ser sério (e talvez até por não ser sério), o disco inteiro é uma sonzera. Foi também uma forma bem humorada de protesto pela prisão e exílio de Caetano Velloso e Gilberto Gil, visível em várias faixas. Os cantores carregam no sotaque baiano, o que torna o disco mais divertido.

Começa com o grande sucesso "Vô Batê pa Tu", um forrozinho gostoso e praticamente monossilábico ("pá manhã a pá não me dizê, que eu não bati pá tu, pá tu podê batê"). "Nêga" começa em ritmo de funk (o verdadeiro funk), se transformando rapidamente em um samba-rock. "Urubu tá com Raiva do Boi" tem uma letra genial: "urubu tá com raiva do boi, mas eu já sei que ele tem razão, é que o urubu tá querendo comer mas o boi não quer morrer, não tem alimentação". Nesta e em "Cidadão da Mata" há um engajamento ambiental muito bacana. Tem ainda um chorinho em "Tributo ao Regional".

De todas, a música que eu mais gosto é a última, "Dendalei", com sua guitarra, flauta, tambores em ritmo frenético e letra profunda: "sou fâ da viração do vento, sou fã do livre pensamento..."

Ouça no iutubiu abaixo e, se gostar abaixe o disco completo.

domingo, 11 de maio de 2014

Dia 17: 2009 - Pequeno Cidadão



No dia das Mães, o Disco de Hoje é presente para os filhos. É um excelente disco infantil, para as crianças de todas idades. Tem rock, pop, samba, rap. As letras são infantis, mas diferentes do comum. Afinal, é um projeto do grande Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra (IRA), Taciana Barros e Antônio Pinto, junto com seus filhos de todas as idades, que tocam, cantam e encantam.

Adoro o Arnaldo Antunes e me espanta que ainda não tenha aparecido aqui no Disco de Hoje. O álbum começa com "Pequeno Cidadão", um rock animado com letra criativa sobre direitos e deveres. "Futezinho" é um sambinha gostoso, com arranjos inteligentes de teclado e viola. "Tchau Chupeta", bem calminha, linda, com a voz grave e marcante do Arnaldo, poesia linda e emocionante. "Larga a Lagartixa" um rock pesado com letra de trava-línguas que, cantado pelas crianças, é divertidíssimo.

Talvez você só goste se for pai ou mãe, mas eu acho uma sonzera. Ainda mais no mundo da galinha pintadinha.

Abaixo o clipe de "Pequeno Cidadão", mas talvez você queira ouvir mais.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Dia 16: 1997 - O Dia Em Que Faremos Contato (Lenine)


O Disco de Hoje é de outro planeta, ouvi dando uma corridinha e me re-apaixonei por ele. Meu ritmo subia e descia, acompanhando as excelentes músicas dele. O Lenine é, na minha opinião, um dos caras da "velha guarda" no Brasil que mais está produzindo coisa boa atualmente. 

Por que velha guarda? O Lenine só explodiu para a maior parte das pessoas por volta do ano 2000, com o album "Na Pressão", trilha sonora de novela. Mas tem uma longa carreira, com o primeiro disco lançado em 1983, em parceria com Lula Queiroga (um disco meio estranho na minha opinião). Daí ficou 11 anos sem lançar um disco, voltando a gravar em 1994 o encantador "Olho de Peixe", disco em parceria com Marcos Suzano. E daí prá frente, só coisa boa, mas eu sou suspeito para falar, porque realmente AMO a música do Lenine.

Vamos para o "O Dia em que Faremos Contato". Lançado em 1997, deu uma boa arejada na fraca MPB da década de 90, injetou uma energia que estava faltando. É o disco que tem uma das músicas mais queridas (e populares) do Lenine, "Hoje Eu Quero Sair Só". Tem "Candeeiro Encantado" que revisita a história de Lampião, contada de várias formas em muitas músicas brasileiras. Uma que eu gosto muito, pela viagem da letra, música única com o pandeiro inconfundível do Suzano é "O Dia Em Que Faremos Contato", que parece ter uma ligação de tema com "O Marco Marciano" que tem influência musical clara dos repentistas nordestinos. "Dois Olhos Negros" é excelente, guitarra forte, ritmo marcante.

Aí vai o clipe de "Dois Olhos Negros". Talvez você queira o disco completo.


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Dia 15: 2004 - Electro Brasil (Alta Fidelidade)



Não tenho muitas informações sobre O Disco de Hoje, só sei que é muito bom, música eletrônica (louge?), jazz e brasileira. A banda Alta Fidelidade é composta por André Bourgeois (produtor suíco-brasileiro) e Mano Bap (baixista e programador). Difícil encontrar informações sobre estes caras, só sei que o Mano Bap foi baixista do Karnak (que já foi citado aqui no Disco do Dia). Este disco ainda conta com uma "big band" de mais de dez integrantes.

Começa com "Pentagrama", uma excelente fusão acelerada de um monte de elementos e instrumentos. Tem duas músicas do Jorge Ben, "Balança Pema" e uma versão maravilhosa de "Falador Passa Mal", com um saxofone marcante e a voz sensual da Marina de La Riva. De releituras de músicas brasileiras, ainda temos "Aquarela do Brasil", em um arranjo encantador de sax, bateria, eletrônica e piano e "Berimbau" do Baden e Vinicius. "5 am" tem um solo de violão fantástico.

Ideal para leitura, estudo e namoro. Não deixe de ouvir. Infelizmente não consegui reencontrá-lo para abaixar. Se interessou? Pergunte-me como encontrar. Vai um teaser de "Falador Passa Mal" no iutubiu.



terça-feira, 6 de maio de 2014

Dia 14: 2003 - Sem Gravidade (Otto)



O Disco de Hoje também é fruto do mangue beat. Otto é Pernambucano e viveu em Recife quando Chico Science ainda era vivo fazia parte dos primeiros discos do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, como percursionista. Se lançou na carreira solo por volta de 1997, misturando ritmos regionais, nacionais, muita percursão e, atualmente, música eletrônica.

Adoro os discos do cara e o seu show é de pular do começo ao fim. O Disco de Hoje tem algumas músicas que o alavancaram para o sucesso, como "Lavanda" e a excelente "Tento Entender", que tem uma bateria marcante e quebrada, com um riff de guitarra repetitivo e envolvente. "Prá Ser Só Minha Mulher" é o que há de mais brega possível, assim como "História de Fogo", de doer o coração, tanto letra quanto música. Tipo de música de um artista que não tem medo dos rótulos e não se prende a um estilo. Ainda tem "Amarelo Manga", de abertura do fortíssimo filme homônimo.

"Imaginar a vida" tem uma metáfora e poesias lindas e apaixonantes, uma das minhas músicas preferidas do Otto. O disco é bem variável, com músicas de diversos estilos.

Podes ouvir uma das músicas ali embaixo, ou abaixar o disco todo, que vale a pena.


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dia 13: 1998 - Com Defeito de Fabricação (Tom Zé)


Na dúvida, poste os dois. O Disco de Hoje ficou um para depois, mas não podia ser muito depois. Na descrição deste disco, o próprio Tom Zé diz que as músicas são recortes, pequenas células, citações e plágios e finaliza:  "Podemos concluir, portanto, que terminou a era do compositor, a era autoral, inaugurando-se a Era do Plagicombinador, processando-se uma entropia acelerada."

A primeira música que eu ouvi de "Com Defeito de Fabricação" foi "Xiquexique", em um forró de Belo Horizonte no fim do século passado. Me impressionou a mágica produzida pelo balão passado nos dentes do começo desta música, que resultava em um delírio coletivo, todas as pessoas do ambiente, sem exceção, se levantando para dançar insanamente. Ao fim da música, um arrefecimento, uma sensação de orgasmo coletivo, o salão se esvaziava, o bar ou fumódromo se enchia. Fui procurar saber o que era e, surpresa, era Tom Zé.

"Curiosidade" tranquila de música, assustadora de poesia. "Olho do Lago" é moderna, teclado, baixo forte, música linda. Na verdade, bom do começo ao fim.

Tá difícil de encontrar este disco para abaixar, pergunte-me como. Mas vai um gostinho no iutubiu.

Dia 12: 1976 - Estudando o Samba (Tom Zé)


O Disco de Hoje (que foi ouvido e pensado ontem, mas postado hoje) foi difícil de decidir, fique em dúvida entre dois do Tom Zé. O novo (mas não muito) "Defeito de Fabricação" em mp3, no som da TV, e o velho "Estudando o Samba" em vinil na vitrola Philips de 45 anos. Talvez até por influência do tipo de mídia, ficamos com o velho.

Hoje muito se criticou o Tom Zé porque ele apareceu na TV cantando funk com uma tal de Popozuda. O cara é um senhor de 77 anos, que inventou tanta coisa na música brasileira, tem mais de 25 discos, fundador do Tropicalismo. Sempre este à frente do seu tempo, e talvez por isto nunca caiu no gosto da grande massa. Deixe o cara cantar com quem ele quiser. Se você assiste à Rede Globo, você corre o risco de ver este tipo de coisa.

Uma aquisição recente, re-lançamento em vinil 180g pela Polysom, tem uma qualidade, um som limpo inacreditável, com os graves no devido lugar, como os LPs novos que estão sendo lançados. A capa é interessante, a corda (acorda) e o espinhento arame farpado em forma de ondas, interprete como queira. O nome das músicas é curioso, quase todas as músicas têm o nome monossilábico (Mã, Toc, Tô, Vai, ui, Dói, Mãe, Hein, Só, Se).

"Mã" tem uma marca registrada do Tom Zé, um vioção bem característico, e já nesta temos os sons parecidos com buzinas, que depois foram aprimorados até a criação de um instrumento musical do tamanho de uma parede formado por diferentes tipos de buzinas. Estas buzinas também são usadas em "Toc". "Tô" é um sambinha genial, com o refrão que eu costumava cantar para os meus alunos, até que alguém entendeu errado e deu briga: "Eu tô te explicando prá te confundir, eu tô te confundindo prá te esclarecer...

O Disco todo é uma obra-prima, de letra e música. Ouve aí no iutubiu ou baixe.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Dia 11: 2012 - MetaL MetaL (Metá Metá)


O Disco de Hoje eu conheci a pouco tempo, e tive uma grata surpresa de conhecer música nova, boa, brasileira e fora do comum. O trio base do grupo "Metá Metá" é Kiko Dinucci (guitarra, vocal e maior parte das composições), Juçara Marçal (vocal) e Thiago França (saxofone). Difícil (e desnecessário) definir o estilo do disco, um dos críticos que consultei define como afro-punk misturado com samba psicodélico e jazz distorcido. Uma definição que não define nada. Só ouvindo mesmo.

"Man Feriman" me lembra Fela Kuti, com bateria, sopros e guitarra e as letras e groove africanos.
"Cobra Rasteira" tem uma levada de samba, lindíssima, com um arranjo de flauta transversal que entra na alma. "Orunmila" também vale muito à pena, letra e música.

Todos os discos dos diversos projetos de Kiko Dinucci podem ser baixados na página do artista (http://kikodinucci.com.br/).

O disco todo parece uma invocação dos deuses africanos. Não deixe de ouvir.